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O Vírus da Mente e a Equação do Bom Senso

Antes de sermos infectados biologicamente, somos infectados mentalmente e esse é o cuidado que precisamos ter neste momento para conseguirmos fechar a “Equação do Bom Senso”

29 de março de 2020

Há cerca de duas semanas estamos às voltas com uma série de informações sobre o Covid-19, incluindo memes dos mais engraçados aos mais aterrorizantes, dados conexos e também desconexos, e um certo medo instalado nas pessoas.

Tal sentimento, cabe ressaltar, faz parte do processo de condução das massas. Afinal, muitos não se aprofundam nos dados e simplesmente seguem a chamada “manada”. Esse comportamento absolutamente focado na sobrevivência é motivado pelo vírus da mente, (termo cunhado por Richard Brodie) também conhecido como memética. Um vírus mental que infecta e mata antes da infecção pelo vírus biológico. Esse comportamento invariavelmente tumultua o cotidiano, causando uma miopia nas ações das pessoas.

E os exemplos são muitos. Assim se sucedeu com o “Alquingel” ou “Alcomgel”, como preferir, com as máscaras que na verdade só são indicadas para os infectados, com os produtos do supermercado e a consequente inflação dos preços, em que pude presenciar empresas de informática se aproveitando para vender álcool em gel por R$ 120,00 um frasco, que normalmente custaria R$ 12,00.

É como se observássemos uma cena de gafanhotos passando pela plantação e em segundos tudo fica devastado. Mas eles são irracionais e estão com fome. Nós somos racionais, assim imaginamos, e só estamos com medo!
Parece-me ser ainda mais complexo falarmos da “Equação do Bom Senso” neste momento em que falo sobre irracionalidade, mas há nessa primeira parte um salvo-conduto de sobrevivência conduzido pelo medo e a isso podemos nos apegar. Mas aí iniciamos uma segunda parte que nos coloca para pensar um pouco mais, sem o medo. Essa dá conta da acomodação sugestiva que gera um vitimismo oportunista.


Dezenas de milhões de pessoas que têm suas atividades possíveis de serem realizadas remotamente em home office, que aliás é um conceito sensacional que estamos testando à força, prostraram-se em suas posições e automaticamente passaram a consumir em horário comercial tudo aquilo que não consumiam antes: comida, bebida, água, luz, internet, telefonia, delivery de tudo e muitas compras on-line.

Do outro lado, estão empresas que precisam sobreviver prestando esses serviços, com uma oportunidade nas mãos, mas também precisando reduzir o efetivo, evitar aglomerações para preservarem as vidas de seus funcionários.


Bem, parece que aí a equação não fecha, porque a maioria dos que estão em casa, trabalhando, estão se colocando na condição de “reis”, se sentindo mal atendidos, vítimas, pois a comida não chegou. Precisam trabalhar e a internet está lenta, o celular falhou, a encomenda não chegou. Tudo virou muleta!

É claro que nada vai funcionar como em tempos normais e os serviços vão colapsar. É claro que a encomenda vai atrasar e a internet vai cair. É claro que o seu atendimento vai demorar um pouco mais. É como se todos fosse tirar o dinheiro do banco ao mesmo tempo. Não vai ter para todo mundo.


O exercício da empatia zerou. Juntou o medo com a acomodação e “Equação do Bom Senso” dá negativa. Vai para a rede social reclamar que o serviço da empresa não presta, xinga, chama a atenção, posta em todos os comentários que as empresas são ruins. Mas não para e faz a pergunta: antes a coisas funcionavam e agora ficou pior? Por qual motivo? Não, não está tudo normal. Não está tudo como antes. Há um desencaixe absoluto no mundo, nos principais serviços, com as principais marcas e serviços, e principalmente com a vida das pessoas.

Nesta hora, precisamos nos somar ao coletivo e não nos excluirmos e nos vitimizarmos.
Com o mínimo de racionalidade, queremos passar ilesos por esse desafio mundial, precisamos fazer essa conta:
Some-se ao coletivo, diminua do vírus da mente, e a Equação do Bom Senso vai dar positiva!